Era pelo seu talento como futebolista que Jorge Fernando dava nas vistas aos 16 anos, já internacional júnior. Mas o destino quis outra coisa e colocou-lhe pela frente uma voz que lhe mudou a vida: foi quando ensaiava numa banda de garagem que ouviu dizer que Fernando Maurício – fadista imenso e coroado pelo povo como «o rei do Fado» - estava por perto. Foi ouvi-lo: e a partir desse momento mágico o fado nunca mais largou Jorge Fernando.

Pouco tempo depois, Jorge Fernando escrevia para Fernando Maurício o que é um dos temas clássicos do fado: o espantoso Boa Noite Solidão – ainda mais espantoso quando se pensa que aquelas palavras cheias de vida foram escritas aos 16 anos. Pouco depois gravou os primeiros temas – singles, dizia-se então… ficando Trigueirinha na memória e coração dos amantes do fado.

Aos 19 anos conhece o guitarrista Alcino Frazão que o convida a acompanhá-lo à viola. Isto chamou a atenção do lendário músico e compositor de Amália, Carlos Gonçalves, que decidiu chamá-lo para um espectáculo com a lendária fadista.
Iria acompanhá-la durante seis anos. Entretanto o seu talento como compositor amadurece de dia para dia e ganha uma identidade.

Sem nunca deixar de ser fado, Jorge Fernando cria a sua imagem de marca, uma música agridoce com um travo certeiro de canção. A sua poética é também única e hoje mesmo começa a identificar o seu legado numa geração de novos autores.

Produziu e acompanhou numerosos artistas- Nuno da Câmara Pereira, José da Câmara, António Pinto Basto, por exemplo.

Em 1989 lança o seu primeiro disco de fados, Boa Noite Solidão, Continua atento ao que há de novo, como se prova pela sua produção de "Notas Sobre A Alma", de Paulo Bragança, uma nova atitude de olhar o fado.

Em 2005 celebra 30 anos de carreira e edita o disco Memória e Fado apresenta alguns duetos e colaborações - Lucio Dalla, Ana Moura, Toninho Horta, Egberto Gismonti – que dão uma visão mais realista da dimensão musical do universo de Jorge Fernando.

Gravado em Portugal e no Brasil, o disco contém ainda quatro versões. O maior destaque é um excerto de uma actuação ao vivo de Amália Rodrigues, gravado em 1994, com o tema "Vida", e que viria a ser recuperado para tema do seu disco mais recente.

Participou entretanto no álbum Linha da Vida, de Camané, e produz os discos de estreia de duas das maiores fadistas da actualidade: Mariza e Ana Moura, com quem ainda trabalha.

É contemporâneo e eterno. E sim, é fado. É um prazer entrar no seu mundo.