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ANA MOURA
 
Ana Cláudia Moura Pereira mais conhecida por Ana Moura, nasceu em Santarém a 17 de setembro de 1979 e é uma reconhecida fadista portuguesa.
Não há outra voz no fado como a de Ana Moura. Uma voz que se passeia pela tradição livremente, sem deixar de flirtar elegantemente com a música pop, alargando de uma forma muito pessoal o raio de acção da canção de Lisboa. Mas aquilo que a distingue é não apenas um timbre grave e sensual como há poucos – Ana Moura transforma instantaneamente em fado qualquer melodia a que encoste a sua voz. É um rastilho imediato, uma explosão emocional disparada sem contemplações ao coração de quem a ouve.
Fausto, José Afonso, Ruy Mingas, música angolana e fado. Era isto que se cantava nos serões da família Moura, em Coruche, era Ana Moura apenas uma catraia – nasceu numa outra localidade ribatejana, Santarém, em 1979 – com gosto pelas cantorias. Os pais cantavam, toda a família materna cantava e qualquer motivo de reunião familiar terminava com um festejo sob a forma de música. Embora cantasse de tudo, Ana começava já a sentir que, por alguma razão, tinha um carinho especial pelo fado. Aos seis anos cantava já o seu primeiro fado, “Cavalo Ruço”, enquanto ouvia frequentemente a mãe trautear “O Xaile de Minha Mãe”. Depois, veio a adolescência e deixou o fado adormecido. E despertou para outros tipos de música, mais condizentes com a idade e as amizades liceais.
É com essa curiosidade por outras músicas, em plena adolescência de descobertas e rebeldias, que Ana Moura chega a Carcavelos, com 14 anos, para fazer o 10º ano. Chega não para cantar, mas para estudar, inscrevendo-se então na Academia dos Amadores de Música. Mas é aos colegas de escola que se junta para a primeira banda. Apesar de cantar outros géneros, a verdade é que, deixada à sua sorte, a voz de Ana rapidamente se cola ao registo fadista e, assim, mesmo com grupos de rock vai conseguindo incluir um ou dois fados no reportório – habitualmente, “Povo que Lavas no Rio”, de Amália, nessa fase a sua referência máxima enquanto intérprete.
A experiência com essa banda de covers, os Sexto Sentido, acaba depois por conduzir ao início de gravações de um disco pop/rock com o músico Luís Oliveira, cujo lançamento fazia parte da agenda da multinacional Universal. O disco, no entanto, não chega a ser terminado. Entra em cena o destino e leva Ana Moura a um bar em Carcavelos onde cede à tentação e canta um fado. Presente na sala, o guitarrista António Parreira, de tão impressionado, toma-a pela mão e leva-a a várias casas de fado. Até ao momento em que, numa festa de Natal de músicos e fadistas, Ana Moura é levada ao convívio daqueles que haveriam de habitar as suas noites daí em diante e é convidada a cantar. Desta vez, é Maria da Fé, co-proprietária da prestigiada casa de fados Senhor Vinho, quem não resiste àquele talento em bruto. Aos aplausos, Maria da Fé junta o convite para cantar na sua casa.
É precisamente nesses ambientes nocturnos, do Senhor Vinho mas também das outras casas de fados que começa a frequentar, que se dá a verdadeira escola do seu canto. Antes, Ana Moura cantava o fado porque sim, porque a intuição lhe mandava, porque a boca lhe fugia para ali. Agora, os ensinamentos dos mais experientes – sobretudo Maria da Fé e Jorge Fernando – dão-lhe outros porquês, sem lhe matar a espontaneidade.
Essa paixão manifesta-se de tal maneira que rapidamente conquista Miguel Esteves Cardoso (MEC). Antes sequer de as editoras ouvirem falar no seu nome, é a escrita de MEC que serve de amplificador para a notícia do talento da jovem fadista, depois de a ouvir e ver actuar num programa de António Pinto Basto na RTP1 chamado Fados de Portugal. É inclusivamente depois de ler as palavras enlevadas de MEC no Independente que Tozé Brito, administrador da Universal, vai ao Senhor Vinho à descoberta daquela voz que conhecia apenas dos Sexto Sentido. Não demora a propor-lhe a gravação do primeiro disco.
Para a produção do álbum de estreia, Guarda-me a Vida na Mão (2003), é chamado Jorge Fernando. Além de comandar a direcção artística do álbum, o músico é igualmente responsável por seis dos 15 temas gravados, um dos quais é assumido pela cantora como o seu BI musical – “Sou do Fado, Sou Fadista”. A cumplicidade entre os dois há-de manter-se nos discos seguintes. Logo aí, fica evidente que o fado de Ana Moura comporta uma elasticidade rara, convocando participações de gente como os Ciganos d’Ouro e Pedro Jóia, e instrumentos com o cajon e a guitarra de flamenco. Mas o essencial mantém-se intocado: a tradição não arreda pé. A recepção, crítica e de público, a Guarda-me a Vida na Mão é de um entusiasmo que não deixa dúvidas e Ana Moura começa de imediato a tornar-se presença recorrente nos palcos portugueses e, progressivamente, também nos internacionais.
Aconteceu, em 2004, é a continuação lógica do disco de estreia. Tratando-se de um álbum duplo, revela uma surpreendente ambição por parte da cantora, ao mesmo tempo que vinca com uma espantosa confiança a certeza do seu caminho: a convivência natural entre o fado mais apegado à tradição e uma forma muito pessoal e convicta de lhe exigir contemporaneidade.
A carreira de Ana Moura começa a ganhar um tamanho fôlego que a fadista acaba por abandonar o Senhor Vinho, a fim de poder dar resposta aos muitos convites que vai recebendo para tocar fora do país. Essa falta é mais tarde colmatada pela integração do elenco de uma nova casa de fados, em Alfama, de nome Casa de Linhares – Bacalhau de Molho. A internacionalização leva então Ana Moura a actuar na mítica sala Carnegie Hall, em Nova Iorque, em Fevereiro de 2005.
Do outro lado do mundo, o saxofonista dos Rolling Stones Tim Ries entra na Tower Records de Tóquio à procura de discos de fado. Leva já na cabeça a ideia de incluir uma fadista no segundo volume do Rolling Stones Project, um projecto por si liderado que convida gente de outras marés musicais a interpretar temas dos Stones em colaboração com um dos históricos músicos da banda. Compra três CD às escuras, por mero instinto, e foi amor à primeira audição. Para o disco, Ana grava “Brown Sugar” e “No Expectations”. Ao vivo, interpreta este último com os Stones no Estádio Alvalade XXI. A partir daí, em várias ocasiões, as digressões de Ana Moura e dos Rolling Stones coincidem nos mesmos sítios. Numa delas, em São Francisco, Ries liga para a fadista e mostra-lhe uma música que compôs a pensar na sua voz. “Velho Anjo”, entraria no disco seguinte de Ana Moura, Para Além da Saudade (2007), depois de “afadistado” por um arranjo de Jorge Fernando.
Um dos trunfos de Para Além da Saudade, aliás, seria a rara participação de Fausto num disco alheio. Ana, que crescera a ouvir o autor de Por Este Rio Acima, perdeu a vergonha e pediu-lhe uma composição. Outra das autoras convidadas, desta vez a compor expressamente para si, foi Amélia Muge. A troca com outras culturas ficou então por conta de um dueto com o histórico cantor espanhol Patxi Andión. Tim Ries, além de autor, deixaria também o seu saxofone impresso em dois temas do disco – “Velho Anjo” e “A Sós com a Noite”.
Graças ao tema “Os Búzios”, de Jorge Fernando, o sucesso de Para Além da Saudade havia de escalar até níveis inéditos na carreira de Ana Moura, acabando por gozar de dois grandes momentos de consagração em Portugal através da actuação nos Coliseus de Lisboa e do Porto. O álbum trar-lhe-ia ainda o Prémio Amália Rodrigues.
Após o sucesso gigantesco de Para Além da Saudade – há 70 semanas na tabela dos mais vendidos quando o quarto álbum chega às lojas –, a edição de Leva-me aos Fados (2009) é saudada quase de imediato com a obtenção do galardão de platina. Como habitualmente, é produzido por Jorge Fernando e conta com letras de Tozé Brito, Manuela de Freitas, Mário Rainho e Nuno Miguel Guedes, assim como uma composição original de José Mário Branco. O álbum inclui mais uma criação encomendada à inventividade de Amélia Muge. “Não É Um Fado Normal” conta com a participação dos Gaiteiros de Lisboa e vinca o percurso distinto da fadista, de resto evidente logo no próprio título.
Em Maio de 2009, após um primeiro contacto telefónico, Prince desloca-se propositadamente a Paris para presenciar à sua frente o charme da fadista na sala La Cigale. A 18 de Julho de 2010, Ana Moura volta a colocar o fado num grande espectáculo do universo pop/rock, ao subir ao palco com Prince no encore do concerto do músico no Festival Super Bock Super Rock, no Meco. Juntos interpretam uma versão em português de “Walk in Sand” e o fado tradicional “Vou Dar de Beber à Dor”.
Em Setembro de 2010, Ana Moura aceita o convite da Frankfurt Radio Bigband para cantar em dois concertos na cidade alemã, sendo a parceria repetida, mas desta feita em sentido inverso, quando a fadista chama a orquestra de jazz a acompanhá-la, em Abril de 2011, no seu regresso aos Coliseus de Lisboa e Porto. Para Ana Moura, é um momento de celebração de um ano marcado pela vitória de um Globo de Ouro, pela presença nos tops de vendas da Billboard e da Amazon e pela nomeação enquanto Artista do Ano para os prémios da revista inglesa Songlines. Passados escassos meses, em Agosto, sobe ao palco do festival Back2Black, no Rio de Janeiro, ao lado de Gilberto Gil, com quem interpreta o “Fado Tropical” de Chico Buarque.
Para 2012, ano em que Ana Moura participa no disco de homenagem a Caetano Veloso com uma versão de “Janelas Abertas nº2”, produzida por José Mário Branco, a cantora guarda uma pequena mudança na sua linguagem musical. Em novembro lança em Portugal o seu 5.º álbum de originais “Desfado”, que representa um momento de viragem na sua carreira, e apresenta o seu mais recente trabalho em salas esgotadas por Portugal.
Em 2013 “Desfado” é editado em vários países. Ana Moura continua a digressão nacional e inicia a internacional passando pela Suíça, Alemanha, França, Espanha, Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Holanda, Bélgica, entre outros.
Do seu canto, sabemos apenas que nasceu no fado. Nunca saberemos onde termina.
Não há outra voz no fado como a de Ana Moura. Uma voz que se passeia pela tradição livremente, sem deixar de flirtar elegantemente com a música pop, alargando de uma forma muito pessoal o raio de acção da canção de Lisboa. Mas aquilo que a distingue é não apenas um timbre grave e sensual como há poucos – Ana Moura transforma instantaneamente em fado qualquer melodia a que encoste a sua voz. É um rastilho imediato, uma explosão emocional disparada sem contemplações ao coração de quem a ouve.
Fausto, José Afonso, Ruy Mingas, música angolana e fado. Era isto que se cantava nos serões da família Moura, em Coruche, era Ana Moura apenas uma catraia – nasceu numa outra localidade ribatejana, Santarém, em 1979 – com gosto pelas cantorias. Os pais cantavam, toda a família materna cantava e qualquer motivo de reunião familiar terminava com um festejo sob a forma de música. Embora cantasse de tudo, Ana começava já a sentir que, por alguma razão, tinha um carinho especial pelo fado. Aos seis anos cantava já o seu primeiro fado, “Cavalo Ruço”, enquanto ouvia frequentemente a mãe trautear “O Xaile de Minha Mãe”. Depois, veio a adolescência e deixou o fado adormecido. E despertou para outros tipos de música, mais condizentes com a idade e as amizades liceais.
É com essa curiosidade por outras músicas, em plena adolescência de descobertas e rebeldias, que Ana Moura chega a Carcavelos, com 14 anos, para fazer o 10º ano. Chega não para cantar, mas para estudar, inscrevendo-se então na Academia dos Amadores de Música. Mas é aos colegas de escola que se junta para a primeira banda. Apesar de cantar outros géneros, a verdade é que, deixada à sua sorte, a voz de Ana rapidamente se cola ao registo fadista e, assim, mesmo com grupos de rock vai conseguindo incluir um ou dois fados no reportório – habitualmente, “Povo que Lavas no Rio”, de Amália, nessa fase a sua referência máxima enquanto intérprete.
A experiência com essa banda de covers, os Sexto Sentido, acaba depois por conduzir ao início de gravações de um disco pop/rock com o músico Luís Oliveira, cujo lançamento fazia parte da agenda da multinacional Universal. O disco, no entanto, não chega a ser terminado. Entra em cena o destino e leva Ana Moura a um bar em Carcavelos onde cede à tentação e canta um fado. Presente na sala, o guitarrista António Parreira, de tão impressionado, toma-a pela mão e leva-a a várias casas de fado. Até ao momento em que, numa festa de Natal de músicos e fadistas, Ana Moura é levada ao convívio daqueles que haveriam de habitar as suas noites daí em diante e é convidada a cantar. Desta vez, é Maria da Fé, co-proprietária da prestigiada casa de fados Senhor Vinho, quem não resiste àquele talento em bruto. Aos aplausos, Maria da Fé junta o convite para cantar na sua casa.
É precisamente nesses ambientes nocturnos, do Senhor Vinho mas também das outras casas de fados que começa a frequentar, que se dá a verdadeira escola do seu canto. Antes, Ana Moura cantava o fado porque sim, porque a intuição lhe mandava, porque a boca lhe fugia para ali. Agora, os ensinamentos dos mais experientes – sobretudo Maria da Fé e Jorge Fernando – dão-lhe outros porquês, sem lhe matar a espontaneidade.
Essa paixão manifesta-se de tal maneira que rapidamente conquista Miguel Esteves Cardoso (MEC). Antes sequer de as editoras ouvirem falar no seu nome, é a escrita de MEC que serve de amplificador para a notícia do talento da jovem fadista, depois de a ouvir e ver actuar num programa de António Pinto Basto na RTP1 chamado Fados de Portugal. É inclusivamente depois de ler as palavras enlevadas de MEC no Independente que Tozé Brito, administrador da Universal, vai ao Senhor Vinho à descoberta daquela voz que conhecia apenas dos Sexto Sentido. Não demora a propor-lhe a gravação do primeiro disco.
Para a produção do álbum de estreia, Guarda-me a Vida na Mão (2003), é chamado Jorge Fernando. Além de comandar a direcção artística do álbum, o músico é igualmente responsável por seis dos 15 temas gravados, um dos quais é assumido pela cantora como o seu BI musical – “Sou do Fado, Sou Fadista”. A cumplicidade entre os dois há-de manter-se nos discos seguintes. Logo aí, fica evidente que o fado de Ana Moura comporta uma elasticidade rara, convocando participações de gente como os Ciganos d’Ouro e Pedro Jóia, e instrumentos com o cajon e a guitarra de flamenco. Mas o essencial mantém-se intocado: a tradição não arreda pé. A recepção, crítica e de público, a Guarda-me a Vida na Mão é de um entusiasmo que não deixa dúvidas e Ana Moura começa de imediato a tornar-se presença recorrente nos palcos portugueses e, progressivamente, também nos internacionais.
Aconteceu, em 2004, é a continuação lógica do disco de estreia. Tratando-se de um álbum duplo, revela uma surpreendente ambição por parte da cantora, ao mesmo tempo que vinca com uma espantosa confiança a certeza do seu caminho: a convivência natural entre o fado mais apegado à tradição e uma forma muito pessoal e convicta de lhe exigir contemporaneidade.
A carreira de Ana Moura começa a ganhar um tamanho fôlego que a fadista acaba por abandonar o Senhor Vinho, a fim de poder dar resposta aos muitos convites que vai recebendo para tocar fora do país. Essa falta é mais tarde colmatada pela integração do elenco de uma nova casa de fados, em Alfama, de nome Casa de Linhares – Bacalhau de Molho. A internacionalização leva então Ana Moura a actuar na mítica sala Carnegie Hall, em Nova Iorque, em Fevereiro de 2005.
Do outro lado do mundo, o saxofonista dos Rolling Stones Tim Ries entra na Tower Records de Tóquio à procura de discos de fado. Leva já na cabeça a ideia de incluir uma fadista no segundo volume do Rolling Stones Project, um projecto por si liderado que convida gente de outras marés musicais a interpretar temas dos Stones em colaboração com um dos históricos músicos da banda. Compra três CD às escuras, por mero instinto, e foi amor à primeira audição. Para o disco, Ana grava “Brown Sugar” e “No Expectations”. Ao vivo, interpreta este último com os Stones no Estádio Alvalade XXI. A partir daí, em várias ocasiões, as digressões de Ana Moura e dos Rolling Stones coincidem nos mesmos sítios. Numa delas, em São Francisco, Ries liga para a fadista e mostra-lhe uma música que compôs a pensar na sua voz. “Velho Anjo”, entraria no disco seguinte de Ana Moura, Para Além da Saudade (2007), depois de “afadistado” por um arranjo de Jorge Fernando.
Um dos trunfos de Para Além da Saudade, aliás, seria a rara participação de Fausto num disco alheio. Ana, que crescera a ouvir o autor de Por Este Rio Acima, perdeu a vergonha e pediu-lhe uma composição. Outra das autoras convidadas, desta vez a compor expressamente para si, foi Amélia Muge. A troca com outras culturas ficou então por conta de um dueto com o histórico cantor espanhol Patxi Andión. Tim Ries, além de autor, deixaria também o seu saxofone impresso em dois temas do disco – “Velho Anjo” e “A Sós com a Noite”.
Graças ao tema “Os Búzios”, de Jorge Fernando, o sucesso de Para Além da Saudade havia de escalar até níveis inéditos na carreira de Ana Moura, acabando por gozar de dois grandes momentos de consagração em Portugal através da actuação nos Coliseus de Lisboa e do Porto. O álbum trar-lhe-ia ainda o Prémio Amália Rodrigues.
Após o sucesso gigantesco de Para Além da Saudade – há 70 semanas na tabela dos mais vendidos quando o quarto álbum chega às lojas –, a edição de Leva-me aos Fados (2009) é saudada quase de imediato com a obtenção do galardão de platina. Como habitualmente, é produzido por Jorge Fernando e conta com letras de Tozé Brito, Manuela de Freitas, Mário Rainho e Nuno Miguel Guedes, assim como uma composição original de José Mário Branco. O álbum inclui mais uma criação encomendada à inventividade de Amélia Muge. “Não É Um Fado Normal” conta com a participação dos Gaiteiros de Lisboa e vinca o percurso distinto da fadista, de resto evidente logo no próprio título.
Em Maio de 2009, após um primeiro contacto telefónico, Prince desloca-se propositadamente a Paris para presenciar à sua frente o charme da fadista na sala La Cigale. A 18 de Julho de 2010, Ana Moura volta a colocar o fado num grande espectáculo do universo pop/rock, ao subir ao palco com Prince no encore do concerto do músico no Festival Super Bock Super Rock, no Meco. Juntos interpretam uma versão em português de “Walk in Sand” e o fado tradicional “Vou Dar de Beber à Dor”.
Em Setembro de 2010, Ana Moura aceita o convite da Frankfurt Radio Bigband para cantar em dois concertos na cidade alemã, sendo a parceria repetida, mas desta feita em sentido inverso, quando a fadista chama a orquestra de jazz a acompanhá-la, em Abril de 2011, no seu regresso aos Coliseus de Lisboa e Porto. Para Ana Moura, é um momento de celebração de um ano marcado pela vitória de um Globo de Ouro, pela presença nos tops de vendas da Billboard e da Amazon e pela nomeação enquanto Artista do Ano para os prémios da revista inglesa Songlines. Passados escassos meses, em Agosto, sobe ao palco do festival Back2Black, no Rio de Janeiro, ao lado de Gilberto Gil, com quem interpreta o “Fado Tropical” de Chico Buarque.
Para 2012, ano em que Ana Moura participa no disco de homenagem a Caetano Veloso com uma versão de “Janelas Abertas nº2”, produzida por José Mário Branco, a cantora guarda uma pequena mudança na sua linguagem musical. Em novembro lança em Portugal o seu 5.º álbum de originais “Desfado”, que representa um momento de viragem na sua carreira, e apresenta o seu mais recente trabalho em salas esgotadas por Portugal.
Em 2013 “Desfado” é editado em vários países. Ana Moura continua a digressão nacional e inicia a internacional passando pela Suíça, Alemanha, França, Espanha, Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Holanda, Bélgica, entre outros.
Do seu canto, sabemos apenas que nasceu no fado. Nunca saberemos onde termina.
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